A Graça do "Dízimo"

O dízimo foi estabelecido em Israel com o propósito número um de suprir a plena necessidade da existência humana, visando a manutenção da vida daqueles que foram chamados por Deus para servir exclusivamente na Obra de Deus com o seu trabalho em favor de outras pessoas.

Números 18.21,23 e 24

“Eis que aos filhos de Levi dou por herança todos os dízimos arrecadados em Israel, em compensação por seus serviços, isto é, o serviço devocional que fazem por meio do seu trabalho na Tenda do Encontro [...] Eles não receberão herança alguma entre os filhos de Israel, visto que são os dízimos que os israelitas separam para Yahweh que Eu dou por herança aos levitas. Eis porque lhes disse que não possuirão herança alguma no meio dos filhos de Israel!”

Deuteronômio 18.1 e 2

“Os sacerdotes levitas da tribo de Levi não receberão a posse de terras em Israel: eles viverão das ofertas sacrificadas para Yahweh, preparadas no fogo, pois essa é a sua herança. Essa tribo não terá nenhuma herança no meio dos seus irmãos: Yahweh é a sua herança, conforme lhes prometeu.”

O dízimo, como sabemos, era apenas um décimo ou 10% de tudo o que era produzido como meio de sustento pleno para a vida do homem.

É digno de notar-se que o princípio do dízimo é mais importante do que o próprio dízimo. O princípio do dízimo implica em separar algo significativo e expressivo como meio de sustento para aqueles que Deus tem chamado para servir a outras pessoas com valores espirituais através do seu trabalho, especialmente hoje, no Corpo de Cristo (Comunidade Cristã).

Foi Deus quem estabeleceu o modo como Ele mesmo deseja receber as ofertas de seu povo. Nós damos a Deus quando nós damos àqueles a quem Deus quer que se dê na dispensação em que se vive. Quer você creia ou não, há uma parte do que você produz como sustento para sua vida que é de Deus, dedicada como oferta aos seus filhos que foram chamados para viverem do Evangelho de uma forma integral.

O dízimo na Nova Aliança não é apenas o dízimo, mas uma oferta de amor, fé e devoção. É uma oferta dada não pela força ou imposição da lei mosaica, mas pela motivação do entendimento espiritual da Graça. O seu princípio é um instrumento regulador do nosso compromisso com os interesses de Deus [promover o sustento dos seus e equipá-los para serem canais de bênçãos para outros]. O princípio de se reservar ou separar algo daquilo que produzimos como sustento pleno da nossa vida, para contribuição do sustento dos ministros e da Obra de Deus permanece na Nova Aliança; não definido declaradamente como 10%, porém, esse é o mínimo que devemos estabelecer já que estamos numa superior Aliança.

I Coríntios 9.4,7-11,13 e 14

“Não temos nós o direito de comer e beber? [...] Quem serve num exército à sua própria custa? Quem cultiva uma vinha e não se alimenta do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não pode beber do leite que é produzido? Porventura, isso que vos digo é apenas um mero ponto de vista humano? Ora, a própria Lei não afirma claramente o mesmo? Pois está escrito na Lei de Moisés: ‘Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal’. Por acaso é com bois que Deus está preocupado? Ou certamente não estaria fazendo tal afirmação por nossa causa? É evidente que é em nosso favor que esse princípio foi escrito. Pois ‘o lavrador quando ara a terra, e o debulhador quando tira as cascas das sementes, deve fazê-lo na esperança de participar dos resultados da colheita’. Se nós semeamos entre vós verdades espirituais, seria pedir muito colhermos alguns de vossos bens matérias? [...] Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados se alimentam com o que pertence ao templo, e que os que servem diante do altar participam do que é oferecido no altar? Assim, o Senhor também ordenou aos que proclamam o evangelho, que igualmente vivam do evangelho!”

Observe que todo o argumento de Paulo gira em torno do princípio do dízimo e não necessariamente do dízimo. Por tal princípio, Jesus nos incumbiu da responsabilidade de sermos participantes do sustento de seus ministros. Veja outras passagens onde Paulo faz referência a esse mesmo princípio:

Gálatas 6.6-10

“O que está sendo orientado na Palavra deve compartilhar tudo o que possui de bom com aquele que o instrui. Não vos enganeis: Deus não se permite zombar. Portanto, tudo o que o ser humano semear, isso também colherá! Pois quem semeia para a sua carne [o que age com egoísmo e avareza], da carne colherá ruína; mas quem semeia para o Espírito [o que age com amor e liberalidade], do Espírito colherá a vida eterna. E não nos desfaleçamos de fazer o bem, pois, se não desistirmos [se não pararmos com essa prática], colheremos no tempo certo. Sendo assim, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, principalmente aos da família da fé.”

I Timóteo 5.17 e 18

“Os presbíteros que administram bem a igreja são dignos de dobrados honorários, principalmente os que se dedicam ao ministério da pregação e do ensino. Porquanto, afirma a Escritura: ‘Não amordaces a boca do boi quando estiver debulhando o cereal’, e ainda, ‘digno é o trabalhador do seu salário.’

O princípio do dízimo ainda precisa ser praticado por aqueles que estão em uma Nova Aliança com Deus; pois Ele ainda tem chamado ministros para o trabalho integral da Sua Obra. É recomendável, saudável, justo e bom que separemos como oferta algo significativo e expressivo de nossos meios de sustento, para nos associarmos a Deus naquilo que Ele mesmo estabeleceu para socorro de seus ministros. Sobre tudo, se você é um cidadão da Nova Aliança, suponho que não quererá contribuir com menos de 10%, já que estamos falando de uma Aliança superior; porém, saiba que você é livre para praticar qualquer princípio da Palavra de Deus e para escolher ser ou não ser beneficiado por isso. Não estou me referindo a barganha, mas a pureza ética do nosso ser produzida pela maturidade espiritual de uma consciência aprofundada no Evangelho; pois, se dizemos que isso é justo, a conseqüência é que todas as demais coisas nos serão acrescentadas, porque, em primeiro lugar, buscamos o Reino de Deus e a Sua Justiça (Mateus 6.33).

Cada um Dará Conta de Si Mesmo

Quando se fala em 10% o valor real do dízimo torna-se diverso, pois ele depende do quanto uma pessoa produz com o seu trabalho. Deus estabeleceu um percentual, não um valor real definido.

Todos os dízimos ofertados eram diretamente proporcionais entre todos os israelitas. Proporcionalmente todos davam o mesmo percentual, mas cada percentual diferia de seus valores reais de acordo com o poder aquisitivo de cada indivíduo.

Não era o quanto se dava que tinha significado e importância, mas a motivação pela qual se entregava o percentual proporcional ao que se tinha. O coração deveria se mover para isso.

Partindo de um ponto de vista humano (não que Abraão tenha inspirado a Deus), podemos dizer que o princípio dos 10% do dízimo foi introduzido por Deus na Lei a exemplo da atitude de fé e devoção que teve Abraão antes que houvesse Lei (Gênesis 14.18-20; Hebreus 7.4-10). Assim como Abraão deu o dízimo de tudo a Melquisedeque, também damos a Cristo quando entregamos nossas ofertas a quem por Ele foi direcionado: aos ministros que vivem do Evangelho em tempo integral (I Coríntios 9.14).

Por uma questão de organização administrativa, a Bíblia apresenta a figura do pastor como o responsável pelo governo da igreja local (I Timóteo 3.1,4 e 5; I Pedro 5.1 e 2), desse modo, ele também se torna o responsável por definir todas as questões em relação as finanças da igreja como instituição, repassando os valores para quem é de direito e usando-os conforme  surgem as necessidades.

Não é errado que um ministro que viva do Evangelho de tempo integral tenha um salário, assim como não é errado que você tenha o seu pelo trabalho que realiza; que o psicólogo, o escritor, o professor e o administrador tenham os seus salários por desempenharem as suas funções. Saiba que não estou julgando em favor de uma causa própria, pois não me encontro hoje em um ministério integral, mas como cristão, pratico com firmeza as verdades da Palavra de Deus independente das críticas sobre este assunto.

A má administração das ofertas por parte de alguns, não deve ser motivo de rompermos com a nossa parceria com Deus quanto aos princípios que Ele mesmo estabeleceu para o avanço do Seu Reino. Ele é o Juiz e nós somos os servos inteligentes para sabermos o que, quanto, como, onde e a quem entregar as nossas contribuições financeiras. Deixar de fazer o que se deve, sendo isso certo e verdadeiro, por causa do pecado de outrem, não justifica as nossas atitudes e ações. Afinal de contas, só estaremos repassando o que dantes já entregamos a Deus em nossos corações; daí por diante, a causa já não será mais nossa, mas de Deus.

Muitas vezes quando ficamos sabendo de algum escândalo pela má administração das ofertas, parece suscitar em muitos um sentimento de ter sido lesado. Isso demonstra que a pessoa ainda considera o valor ofertado ou as ofertas como algo seu e não de Deus. Se nós damos a Deus, o uso e a aplicação do que foi dado não mais deve ser um problema nosso ou de nossa responsabilidade. O que temos que buscar para a nossa vida é a pureza ética do nosso ser, produzida por uma maturidade espiritual, enquanto aprofundamos a nossa consciência no Evangelho.

O Propósito Central do Princípio do Dízimo

Em todos os lugares na Bíblia que se fala do princípio do dízimo ele é sempre direcionado a classe de ministros separada por Deus para viver de tempo integral na Obra de Deus. É um recurso estabelecido por Deus para o sustento desses homens em função de seus trabalhos devocionais. Não se fala do dízimo como um recurso a ser usado para socorrer os demais da igreja em suas necessidades; por esta razão nós temos as ofertas extras. Não que não se possa usar o dízimo para tal necessidade, contudo, o princípio do dízimo também nos ensina que Deus tem um foco sobre os seus ministros de uma maneira, e um foco sobre os demais da igreja de outra maneira quanto a natureza desse socorro; porém, ambas as maneiras são eficazes para cumprirem os seus propósitos.

A segunda carta de Paulo os coríntios, no capítulo 8 e 9, trata especificamente do socorro prestado por cada membro da igreja àqueles que atravessavam um período de necessidade. Esta passagem não visa ensinar aquilo que já temos mostrado sobre o propósito do dízimo (o sustento dos ministros), mas o amor e o zelo que devemos ter uns com os outros de um modo geral; por isso somos orientados a comunicar as nossas necessidades uns aos outros (Romanos 12.13).

Dízimo, Oferta e Esmola: Desprendendo-se do Amor ao Dinheiro

O “dízimo”, a oferta extra e a esmola são contribuições voluntárias que nós fazemos e que enriquecem a nossa vida em todos os sentidos, principalmente a nossa saúde espiritual e o nosso olhar interior sobre o que realmente é importante na vida. Não devemos ser dominados pelo que temos, mas administrar bem o que temos pelo que somos: filhos de Deus. Certa ocasião li a seguinte frase exibida no vidro de um carro: “O dinheiro é um excelente servo, mas um péssimo deus.” O dinheiro é uma coisa boa, pois ele representa a riqueza dos recursos de uma nação, porém, o amor ao dinheiro é o mal a ser resistido, pois ele concorre diretamente com o lugar de Deus em nossos corações. Quando você serve ao dinheiro e não é servido por ele, quando você não apenas o usa, mas o ama, não haverá lugar para Deus em seu coração. Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e as riquezas (Mateus 6.24).” Note que o problema não está em ter riquezas, mas servir as riquezas e não ser servido por elas.

O trabalho é uma lei divina para a prosperidade financeira, e esta lei funciona para qualquer pessoa sobre a terra. O propósito número um de nossas contribuições financeiras não é nos fazer prosperar financeiramente, mas exaltar a Graça de Deus naquilo que Ele estabeleceu. Muitas pessoas podem até prosperar pelos seus trabalhos, mas se não praticam o princípio da semeadura certamente não estarão ampradas por suas leis como àqueles que o pratica. E ainda que os que semeiam não vejam, já nesta vida, a manifestação plena deste princípio, todavia, temos a promessa de que tudo será manifesto na Glória futura; porque não ajuntamos tesouros na terra, mas tesouros no céu, que é o lugar onde aumentamos o nosso verdadeiro crédito.

Todas as nossas contribuições financeiras são práticas bíblicas que nos ensinam como nós devemos usar o nosso dinheiro com desprendimento dele: sem cobiça, sem avareza e sem amor ao dinheiro. A esmola também é uma contribuição que fazemos em favor do próximo, do necessitado que vive numa condição inferior ou de miséria. É uma pequena quantia em dinheiro dada a um pedinte por caridade.

As nossas contrubuições em dinheiro devem sempre ser uma expressão voluntária dos nossos corações em virtude do que os valores do Reino representam para nós. Elas são um caminho de aprendizado de justiça e generosidade, motivadas pela alegria de sermos participantes do avanço do Reino de Deus. Por esta razão elas devem ser dadas de acordo com aquilo que a pessoa tem e não com o que ela não tem.

Contudo, o simples fato de eu contribuir financeiramente não significa que estou deixando de ser cobiçoso ou avarento. A Bíblia diz que nossas contribuições podem ter duas expressões: uma de avareza e a outra de generosidade. Para quem recebe as ofertas de ambas expressões, haverá sempre um resultado positivo, porque recebeu alguma coisa; mas, para quem dá as ofertas, somente uma expressão terá resultado positivo e a outra negativo.

"Dízimo", oferta e esmola: O que essas três práticas tem em comum? (1) Todas têm como propósito número um exaltar a Graça de Deus. (2) Todas estão relacionadas a princípios Divinos. (3) Todas são contribuições voluntárias. (4) Todas podem se tornar uma vacina contra a cobiça, a avareza e o amor ao dinheiro. (5) Todas são atos de amor, devoção e fé a Deus e a Sua Palavra. (6) Todas visam facilitar e socorrer a vida humana.

Bonus: Um Melhor Olhar Sobre Malaquias 3. 10-12

A igreja como instituição não é a Casa do Tesouro. Hoje a Casa do Tesouro somos nós, especialmente o corpo ministerial chamado para viver do Evangelho.

Se usar aquilo que é de Deus de uma forma irresponsável significa roubar a Deus, então, isso vale para tudo na vida, porque Dele e por Ele são todas as coisas. "Roubar a Deus" foi uma expressão usada na Antiga Aliança para um povo insensível, duro de coração e contradizente. No ensino e na educação da Graça nós chamamos isso de infidelidade ou descompromisso com os interesses de Deus. Isso acontece quando o ministro ou o cristão deixa de usar o seu dinheiro de forma legítima para usá-lo somente com propósitos pessoais e servir ao seu próprio ventre.

Deus guia a nossa vida através do Espírito Santo e da Palavra para não sermos consumidos por nossos próprios atos irresponsáveis que podemos cometer. É assim que somos levados para longe daquilo que pode nos fazer mal e consumir as nossas finanças. O diabo não pode fazer nada se nós não dermos lugar a ele.

Nós não precisamos esperar que Deus abra as janelas dos céus. A Bíblia diz que nós já fomos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais, nos lugares celestiais, em Cristo Jesus. Se Deus não poupou nem mesmo o seu próprio Filho, como não nos dará juntamente com Ele, e de graça, todas as coisas.

Hoje, as nossas contribuições financeiras no Reino de Deus não tem força de Lei com era na Antiga Aliança, por isso não somos tratados pelas normas da Lei, mas pelo princípio da Graça; sendo alvos da Intercessão do Senhor Jesus e do Espírito Santo quanto aos nossos erros, falhas, fracassos, pecados, fraquezas e ignorância. Nós não somos tratados por Deus com a penalidade e a maldição da Lei, "porque Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldiçaõ em nosso lugar (Gálatas 3.13)."

Escrito por Rodrigo Americo


Crie um site gratuito Webnode